quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Lembras-te?...


Olá Avô...
Hoje é para ti que dedico estas palavras...
Porque vivo
e tu fazes parte da minha vida!...
Desde que nasci
e em todos os momentos
em que aprendi a crescer
estás presente,
sempre com a tua meiguice
e sorriso carinhoso...
Carregas-me ao colo,
nos teus braços fortes,
de Homem grande que és...
Ensinas-me a viver
e relembro cada momento
com especial ternura...
Por vezes ainda me rio
com algumas dessas lembranças...
Lembras-te avô?...
De apanharmos pirilampos
e os guardares num frasquinho,
para que eu os pudesse ver
a brilhar no meu quarto
durante a noite?...
De colarmos caricas
no alcatrão quente da estrada
nos dias de verão?...
Do baloiço de madeira que fizeste
e que penduraste na ramada para eu brincar?...
Lembras-te das vezes
em que me atiraste pelo ar
acima da "moreia de palha"?...
Ou das "andas" que fizeste para mim?...
Lembras-te das vezes
em que me ensinaste a jogar "damas",
ou daquelas em que as minhas mãos, pequenitas,
não tinham a força suficiente para atirar as "malhas"?...
Lembras-te de me pendurares nas videiras
para que eu pudesse "andar a cavalo"?...
Ou de levarmos as ovelhas, presas num cordel,
a passear no campo,
e a mais pequenina era para mim?...
Lembras-te dos passeios ao rio?...
Lembras-te que tinhas uma "tesoura de poda" pequenina
e me penduravas na tua escada de madeira
para que eu aprendesse a podar?
Lembras-te dos Natais que passamos juntos,
das fantasias de chocolate que penduravas na parede,
junto à lareira, ou de tostares nas brasas da fogueira
o pão para eu comer?...
Lembras-te de me levares contigo
no "camião do leite" e de me deixares buzinar
naquele botão do chão da cabine?
Lembras-te das voltas que me prometeste (e pagaste)
nos carrocéis da festa?...
E das regueifas pequeninas e dos tremoços que trazias
com a avó da feira?...

(...)

Lembras-te de como festejamos, com bolo e champanhe,
eu ter passado no exame?...
...E como me davas cobertura, quando eu queria namorar?...
Lembras-te de como choraste, emocionado, no dia em que me casei?...
E de como olhaste com ternura a tua bisneta, recém-nascida?...
Lembras-te de que já fazias com ela
exactamente as mesmas coisas que fizeste comigo?...

(...)

Lembras-te Avô?...
... eu não posso esquecer!...

...Não esqueço a tua mão que tão intensamente segurou a minha...
... os teus olhos que fixaram os meus... tão cheios de força e esperança...
... o teu esforço para me corresponderes...
... a tua serenidade e... Paz!
...Lembras-te??...

...Obrigada Avô!!...

...por continuares a carregar-me ao colo!!...

4 comentários:

  1. Avô...

    uma palvra tao pequenina...
    mas que ao recorda-la no nosso AVÔ FLORIANO me enche o coração..

    Ao ver o que aqui escreveste para o nosso avozito... fizeste-me chorar...
    E sabes porque?
    Primeiro porque ao ler pela primeira vez... pude perceber o quanto Feliz foste com o teu avozito...

    A segunda vez...
    Chorei... Porque tudo o que li...REVIVI...

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  2. As moreias de palha, o pão com manteiga torrado ao lume, as damas... tudo o que o avozito nos ensinou são bocadinhos dele que permanecerão sempre connosco, e que mostram que ele continua vivo e junto de nós...
    As palavas custam a surgir...
    As lágrimas falam por si só.

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  3. É
    O Tempo nunca faz com que nos apaguem da memória as coisa boas.....
    Como gostava de andar no carro com o Tio e a Tia?????
    De como gostava de ouvir e ver as coisas do campo, de Portugal que me falava....... Saudades Queridos TIO FLORIANO E TIA NATÁLIA..........
    " qualquer dia AMIGO a gente vai se encontrar......"

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  4. Anónimo7/5/07 15:48

    Nestas palavras que leio, vejo uma homenagem linda e justa a alguém que, acima de tudo, era uma pessoa de bem. Uma pessoa boa. E essas pessoas deixam sempre saudades. Sempre. Mesmo numa alma como a minha, que não privou muito com a do teu avô nesta primeira forma de vida.
    Mas sei que há uma outra forma de vida. E sei que nessa outra forma de vida, o teu avô já teve muitos momentos também comigo. Porque acredito que me acolhe a cada vez que falo contigo. A cada vez que te faço rir. A cada vez que nos encontramos e que são tantas...
    Uma das palavras mais bonitas que conheço chama-se "ressurreição". E, ao contrário do que muitos outros fazem, creio que de uma forma inconsciente, tipo "piloto automático", eu não penso que "Jesus Cristo ressuscitou, por isso, sorte a dele. Ainda bem para Ele".
    Não. Eu não penso assim. Jesus Cristo Ressuscitou. Sorte a dele e sorte a nossa. Porque Ele ressuscitou, o teu avô ressuscitou, e todos nós também ressucitaremos um dia.
    É certo que não voltarás a passear pelo rio com o teu avô e não voltarás a passear ovelhas pelo campo... Mas o que fazia de todas essas coisas especiais era tudo aquilo que sentias ao fazê-lo. E eu estou certo que, assim que ressuscitares um dia, voltarás a senti-lo, também com o teu avô, e por toda a eternidade.
    Um dia, no paraíso, hei-de também poder mostrar-te todas as coisas boas que fiz com o meu avô.
    Um forte abraço.

    Miguel

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